Em março de 2025, o governo federal anunciou uma proposta que promete aliviar o bolso de milhões de brasileiros: a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) para quem ganha até R$ 5.000 por mês. A medida ainda precisa passar pelo Congresso, mas já gerou muita expectativa — e dúvidas.
Afinal, o que muda na prática? Quem realmente será beneficiado? Como isso afeta o seu planejamento financeiro? E mais: o que isso significa para quem investe — ou quer começar a investir?
Neste artigo, explicamos tudo o que você precisa saber sobre a proposta, os seus impactos e o que ainda precisa acontecer para que ela se torne realidade.
O que diz a proposta?
O governo encaminhou ao Congresso um projeto de lei que eleva a faixa de isenção do IRPF dos atuais R$ 2.112 para R$ 5.000 mensais. Isso significa que quem recebe até esse valor bruto por mês deixaria de pagar imposto de renda — ou seja, teria o salário integral, sem retenção na fonte ou cobrança na declaração anual.
Segundo o Ministério da Fazenda, essa mudança faz parte da política de correção da tabela do IR, congelada por muitos anos e que vinha sendo ajustada apenas de forma pontual. A ideia é dar mais fôlego à classe média, reduzir a defasagem da tabela e promover justiça tributária.
Quem realmente será beneficiado?
Se o projeto for aprovado como está, os maiores beneficiados serão:
- Trabalhadores formais com salários até R$ 5.000, que passarão a ter isenção total.
- Aposentados e pensionistas do INSS, que também se enquadram nas mesmas regras do IRPF.
- Profissionais autônomos e MEIs que declaram como pessoa física e ficam abaixo desse teto mensal.
Vale lembrar que a proposta considera o valor bruto, ou seja, antes de descontos de INSS, vale-refeição ou outros benefícios.
Na prática, isso pode representar uma economia de centenas ou até milhares de reais por ano, dependendo do valor do salário e da alíquota que era aplicada antes.
O que ainda precisa acontecer?
Por enquanto, a ampliação da faixa de isenção não está valendo. Trata-se de um projeto de lei que ainda será analisado pelo Congresso Nacional. Para entrar em vigor, precisa ser aprovado na Câmara dos Deputados, depois no Senado, e então sancionado pelo presidente.
Além disso, pode haver alterações no texto original durante a tramitação. O valor da faixa, a forma de cálculo ou até as contrapartidas fiscais do governo podem mudar.
Outro ponto importante: o governo ainda não detalhou se haverá ajustes nas outras faixas da tabela. Se apenas a faixa de isenção for ampliada, quem ganha acima de R$ 5.000 pode continuar sendo tributado como antes, sem mudança nas alíquotas intermediárias.
Impacto no bolso: quanto você pode economizar?
Para quem está dentro da faixa até R$ 5.000, o alívio será direto: fim da retenção mensal do IR na folha de pagamento.
Hoje, quem recebe um salário bruto de R$ 4.800, por exemplo, paga cerca de R$ 220 por mês de imposto de renda, já considerando as deduções do INSS. Com a nova regra, esse valor deixaria de ser descontado — o que representa cerca de R$ 2.600 por ano a mais no bolso.
Esse dinheiro pode ser usado de várias formas: quitar dívidas, reforçar a reserva de emergência, viajar, ou — por que não? — investir.
Mais renda, mais planejamento
Com mais dinheiro sobrando todo mês, cresce a importância do planejamento financeiro. E isso começa com entender para onde esse novo recurso pode ir.
Quem já está com as finanças organizadas pode aproveitar a oportunidade para investir mais. Quem ainda tem pendências pode usar esse reforço para colocar as contas em dia. O importante é ter clareza: esse “alívio fiscal” não é um presente eterno. Ele pode ser revertido, congelado ou ajustado no futuro, dependendo do cenário político e fiscal.
Ou seja, é o tipo de oportunidade que vale a pena ser aproveitada com estratégia.
E para quem investe: o que muda?
Uma das consequências diretas da isenção maior é o aumento da renda disponível para investir. Mesmo que o rendimento bruto mensal não mude, o valor líquido no bolso será maior. Isso abre espaço para aplicar em produtos como:
- Tesouro Direto
- Fundos de investimento
- Renda variável
- Criptomoedas
- P2P Lending (empréstimos entre pessoas, por meio de plataformas online)
No caso do P2P Lending, por exemplo, o investidor pode diversificar seus aportes com valores que antes iriam direto para o fisco. Com aportes a partir de R$ 100, o P2P se torna ainda mais acessível para quem está começando — e quer buscar uma rentabilidade acima da média da renda fixa tradicional.
Além disso, com a maior faixa de isenção, mais pessoas poderão ficar abaixo do limite de obrigatoriedade de declaração do IR, dependendo do conjunto de rendimentos. Isso pode simplificar a vida de pequenos investidores.
Fique atento: nem tudo é isento
É importante lembrar que a isenção vale só para a renda do trabalho, até o teto de R$ 5.000. Rendas de aluguel, dividendos, investimentos e outras fontes continuam sendo tributadas conforme as regras em vigor.
Ou seja, mesmo que você esteja isento pelo salário, pode precisar declarar o IR se tiver outras fontes de renda ou patrimônio relevante. Isso reforça a importância de manter um controle financeiro atualizado.
A proposta de ampliar a faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000 por mês ainda está em tramitação, mas sinaliza uma possível mudança importante na forma como os brasileiros se relacionam com seus rendimentos e tributos.Se aprovada, ela pode gerar um alívio real para milhões de pessoas — e também uma chance concreta de usar melhor o dinheiro que antes ia para o governo. Seja para quitar dívidas, consumir com mais tranquilidade ou investir com mais inteligência, a mudança precisa ser vista como um convite ao planejamento financeiro.