Temos o PIX, precisamos do Real Digital?

O sistema de pagamentos instantâneos brasileiro, conhecido como PIX, tem revolucionado a forma como realizamos transações financeiras no país. Desde o seu lançamento em novembro de 2020, o PIX conquistou uma adoção impressionante, alcançando números expressivos e se tornando uma referência mundial. Entretanto, mesmo com o sucesso do PIX, surge a pergunta: para que precisamos do Real Digital?

Antes de explorarmos as diferenças entre o PIX e o Real Digital, é importante compreendermos o que tornou o PIX tão bem-sucedido. O PIX é um sistema de pagamentos instantâneos que permite a transferência de valores entre pessoas, empresas e instituições de forma rápida, segura e disponível 24 horas por dia, todos os dias do ano. Com apenas alguns toques no celular, é possível realizar transações em questão de segundos, eliminando a necessidade de boletos, cheques ou transferências bancárias tradicionais.

Desde o seu lançamento, o PIX tem conquistado números impressionantes. Segundo dados do Banco Central do Brasil, somente em março de 2023, foram realizadas mais de 3 bilhões de transações por meio do PIX, totalizando um volume financeiro de mais de R$ 1,2 trilhões. Esses números evidenciam a rápida adoção do sistema pela população e o seu impacto significativo na forma como lidamos com o dinheiro.

Uma das principais vantagens do PIX é a sua praticidade. Com o sistema, não é mais necessário carregar dinheiro em espécie ou aguardar longos prazos para que uma transferência seja concluída. Além disso, o PIX é gratuito para pessoas físicas, reduzindo os custos associados a outras formas de pagamento. Essa facilidade tem incentivado cada vez mais pessoas a aderirem ao sistema, contribuindo para a inclusão financeira e a digitalização dos serviços bancários.

O sucesso do PIX nos leva a questionar a necessidade do Real Digital, projeto piloto de uma moeda digital emitida pelo Banco Central do Brasil. O Real Digital, também conhecido como CBDC (Central Bank Digital Currency) – Moeda Digital emitida pelo Banco Central, é um projeto que entrará na fase de piloto. O Piloto RD é a fase de testes para operações com o Real Digital, em um ambiente simulado, sem envolver transações ou valores reais. Nessa etapa, o Banco Central avaliará os benefícios da programabilidade de uma plataforma de tecnologia de registro distribuído (Distributed Ledger Tecnology – DLT) multiativo para operações com ativos tokenizados.

A principal diferença entre o PIX e o Real Digital está no formato das transações. Enquanto o PIX utiliza a infraestrutura existente do Banco Central, dos bancos e instituições financeiras para realizar as transações, o Real Digital é baseado em uma tecnologia de blockchain em rede permissionada, que permite a criação de uma moeda digital que pode estar sob o controle do Banco Central.

Além disso, o Real Digital trará benefícios adicionais, como a possibilidade de implementação de contratos inteligentes e a rastreabilidade das transações, o que contribui para a prevenção de atividades ilícitas. A moeda digital também poderá ser utilizada em transações internacionais, facilitando o comércio exterior e reduzindo a dependência de intermediários financeiros.

Contudo, é importante ressaltar que o PIX e o Real Digital não são concorrentes, mas sim complementares. O PIX já se consolidou como um sistema de pagamento instantâneo confiável e eficiente, e continuará sendo utilizado como uma alternativa prática e gratuita para as transações do dia a dia. Por outro lado, o Real Digital oferece vantagens adicionais, como a possibilidade de transações ainda mais seguras e descentralizadas, com redução de custos para empresas e instituições financeiras.

Ambos os sistemas têm potencial para contribuir significativamente para a economia brasileira, melhorando a eficiência dos serviços financeiros e facilitando o acesso a serviços bancários para a população. O PIX e o Real Digital são complementares, e a integração entre eles pode trazer ainda mais benefícios para os usuários.

O lançamento do Real Digital ainda está em fase piloto, e não há previsão para sua adoção em larga escala. Entretanto, o Banco Central tem se mostrado comprometido em desenvolver a moeda digital com segurança e eficiência, buscando garantir a estabilidade do sistema financeiro e a proteção dos direitos dos usuários.

A seguir vamos listar as vantagens adicionais que uma CBDC (Central Bank Digital Currency), como Real Digital, pode trazer para os cidadãos e empresas do Brasil.

Segurança aprimorada

Uma das principais vantagens do Real Digital é a segurança aprimorada nas transações. A tecnologia de blockchain, na qual a CBDC é baseada, oferece um alto nível de segurança criptográfica, reduzindo significativamente os riscos de fraudes e falsificações. Isso proporciona maior confiança e proteção aos usuários, garantindo a integridade das transações realizadas com o Real Digital.

Redução de custos

O Real Digital pode reduzir os custos associados às transações. As taxas cobradas por serviços bancários tradicionais, como transferências internacionais, podem ser consideravelmente reduzidas com o uso da CBDC. Essa redução de custos beneficia tanto os usuários comuns como as empresas, permitindo uma maior eficiência financeira e estimulando a economia.

Inclusão financeira ampliada

A implementação do Real Digital pode promover uma maior inclusão financeira no país. A moeda digital facilita o acesso a serviços bancários e financeiros para pessoas que atualmente não têm acesso a esses serviços. Com um smartphone e acesso à internet, qualquer cidadão poderá realizar transações financeiras de forma segura e conveniente, independentemente de sua localização geográfica.

Contratos inteligentes e automação

A tecnologia blockchain utilizada no Real Digital permite a implementação de contratos inteligentes. Esses contratos são programas de computador que executam automaticamente as cláusulas acordadas entre as partes, eliminando a necessidade de intermediários para validar e executar os contratos. Isso pode agilizar e simplificar processos comerciais, tornando as transações mais eficientes e reduzindo a burocracia.

Transações internacionais facilitadas

 O Real Digital também pode facilitar as transações internacionais, simplificando o comércio exterior. Ao eliminar intermediários e reduzir as barreiras burocráticas, as empresas brasileiras poderão realizar transações comerciais de forma mais eficiente e competitiva no mercado global. Isso contribui para o crescimento econômico do país e fortalece os laços comerciais com outros países.

Em conclusão, o PIX e o Real Digital são sistemas complementares, cada um com suas particularidades e benefícios. Enquanto o PIX já é uma realidade consolidada no Brasil, o Real Digital poderá oferecer possibilidades adicionais e vir a ser uma ferramenta importante para o futuro dos serviços financeiros. Juntos, eles têm o potencial de revolucionar a forma como lidamos com o dinheiro e contribuir para a inclusão financeira e o desenvolvimento econômico do país.